Aldeia Tupiniquim de Caeiras Velha – Projeto Poranduba ATEBEMG

Resgate e instrumentalização cultural através do teatro de bonecos em comunidades indígenas

O teatro de bonecos pode ser usado como uma importante ferramenta para o resgate cultural. Por seus recursos de narrativa, elementos do imaginário coletivo são captados e trabalhados nos seus aspectos culturais, lúdicos, textuais, cênicos, artesanais e sociais. A ATEBEMG – Associação de Teatro de Bonecos de Minas Gerais, com o seu projeto Poranduba, trouxe esta proposta a cinco aldeias distribuídas pelos estados de MG, ES e BA. Tive o prazer de acompanhar, como fotógrafo convidado, entre os dias 03 e 09 de setembro de 2012, a oficina realizada na Aldeia Tupinikim de Caeiras Velha, na região de Aracruz, no Espírito Santo. Neste artigo adianto algumas das imagens e curiosidades desta experiência. Maiores detalhes sobre o projeto, seu acervo fotográfico completo e seus resultados serão publicados oportunamente no site da ATEBEMG, a idealizadora e realizadora desta ideia. Este projeto só foi possível graças aos recursos obtidos através do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz.

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Álbum de fotos Oficina Poranduba
Álbum de fotos Aldeia Tupinikim de Caeiras Vellha – ES
Álbum de fotos Tambor de Congo

O conceito do projeto Poranduba – Roda de Contos Indígenas com Bonecos, em si, é bastante simples, embora de grande espectro de atuação: trabalhar as lendas e histórias das aldeias, transferindo aos participantes uma base teórica e prática das técnicas do teatro de bonecos em oficinas com educadores e formadores de opinião em cada comunidade contemplada. Ao final das oficinas, espera-se que os integrantes apresentem à comunidade um espetáculo original com bonecos e roteiro desenvolvidos por eles próprios e tornem-se multiplicadores destes conhecimentos obtidos, utilizando-os como ferramenta pedagógica de apoio ao resgate cultural e à valorização da identidade daquele povo.

O ponto de encontro e partida foi na sede da associação em BH. Aos poucos os bonequeiros foram chegando e começando a organizar 2 palcos itinerantes das companhias + 2 palcos desmontáveis das oficinas,  equipamentos de som, luz, bonecos e bagagens pessoais. Na van com uma carreta a reboque viemos 4 pessoas para as oficinas, 2 fotógrafos e ainda 4 pessoas de dois grupos (Família Silva e Cia de Inventos) que realizariam apresentações especiais de abertura nas aldeias. Ainda agora custo a acreditar que conseguimos acomodar tudo.

Depois de pernoitar em Aracruz, fomos recepcionados pela Alzenira. Fizemos uma escala na Aldeia de Pau Brasil para descarregar o primeiro grupo de oficina – Fabiana, Anderson, Rafael, Roberto e Cida – e rumamos para a Aldeia de Caeiras Velha. Enquanto o Nado e a Renata montavam o palco e distraiam com maestria a criançada que se aglomerava para o espetáculo, Tiago e Iasmim, do Grupo Girino,  foram resolver questões práticas quanto ao alojamento e local de trabalho para os próximos dias.  Tivemos grande apoio do Cacique Sezenando e da líder comunitária Jozenita. Acertamos-nos com a Bia no comando dos provimentos, Sezenando “deu a luz” e tivemos a água e a eletricidade das instalações da Casa de Artesãs, que nos serviu de alojamento e oficina por aqueles dias, ligadas.

O grupo de trabalho das oficinas foi composto por mulheres, na maioria professoras da aldeia e também algumas alunas. No começo pareciam meio desconfiadas, apenas umas poucas haviam visto a apresentação especial de abertura feita pela Cia de Inventos. Surpreendeu saber delas que nunca haviam visto na aldeia uma apresentação de bonecos, nem tão pouco qualquer outra de teatro que fosse. Imagino como deve ter parecido abstrata a palestra do primeiro dia sobre a história e a técnica dos bonecos, marionetes, mamulengos e afins pelo mundo pra quem não tem referências anteriores sobre o que seja isso. Os olhares se tornavam mais atentos e absorvidos pelas explicações e projeções do datashow numa das paredes na sala.

As etapas que se seguiram dia-a-dia foram contextualizar a encenação com bonecos, eleger temas locais a serem trabalhados, preparar os roteiros, criar e desenvolver os personagens, bonecos, ensaiar e encenar a peça criada durante a oficina. Nessas horas sempre vejo como é difícil não interferir na percepção e no processo do outro. A tarefa de observar e acompanhar o processo alheio nunca deixa de ser um constante exercício de entrega e neutralidade sujeitas a grandes tentações e impulsos imponderados. Quanto mais obtemos sucesso nessa tarefa, mais aprendemos daqueles diferentes pontos de vista e da sua forma de se relacionar e interpretar o mundo. Mais rico, autêntico e inesperado também é o resultado.

Das histórias selecionadas, foram para o desenvolvimento da trama a da mula sem cabeça, a da invejosa e a surucucu, e a da cobra grande que está aprisionada embaixo da igreja. Todas do repertório de lendas locais e algumas já registradas no livro “Os Tupinikins e Guarani contam…”, organizado por Edivanda Mugrabi.

Muito bacana a forma como estas histórias ainda são presentes no imaginário das pessoas de lá. E ainda mais saborosas as versões e os detalhes que afloram das conversas. Diz-se que com a luz elétrica e o desmatamento, a mula sem cabeça foi-se embora pra outras terras. De um bizarro casamento de uma índia com uma cobra surucucu que virou príncipe na noite de núpcias, veio uma invejosa tentar a mesma sorte e encontrou seu terrível fim. E da polêmica entre diferentes opiniões, a única coisa de que todos concordam, pois está lá na praça pra quem quiser ver, é que existem duas igrejas, uma ao lado da outra. A antiga e pequenina, é a que dizem manter aprisionada em suas fundações uma perversa e gigantesca cobra, encarcerada e privada desta maneira de suas maldades. Caso parecido aos ocorridos sob as matrizes de Belém e Manaus, ao Norato e sua irmã Caninana. Falam também, que ali logo atrás destas igrejas vizinhas, no meio do mato perto da jaqueira, há rastros da toca dessa famigerada serpente numa vala maldita que é terra do “Zé Pelado”, entidade das piores que um vivente pode ter o azar de topar por aí.

Do rascunho inicial dos personagens a lápis e papel, aos poucos, pequenas cabaças foram sendo lixadas em cabeças e tomando feições de durepox. Com a tinta vieram os traços do rosto e com feixes de lã surgiram cabeleiras. Os figurinos foram todos costurados e arrematados à mão, com todo o luxo e capricho a que tinham direito. Os bonecos iam tomando forma e em um instante divino, o rosto de suas criadoras se iluminava. Aquele momento sublime em que o criador sopra vida à sua criação. “Parla!” – ao que teria dito Michelangelo, desferindo uma pretensiosa martelada no joelho de Moisés recém-esculpido. E invariavelmente iam se sucedendo olhares admirados, ternuras e conversas de criador à criatura. Anima, alma, vida, movimento. Desfloram-se os primeiros gestos. Ensaiam-se as primeiras expressões da personalidade de cada boneco. Mal parecem acreditar naquilo que criaram e conceberam com tanta arte e refinamento.

Inicialmente tímidas e ressabiadas, as crianças aos poucos foram se chegando às suas mães durante as oficinas. Pense em um cenário que tinha tudo pra virar um caos entre a disputa de atenções e tarefas. Titereiros, mães, adolescentes e uma escadinha do colo ao primário. Mas sabe quantas crianças chorando ou dando birra eu vi ao longo desses dias? – nenhuma. Sabe quantas mães eu vi dando espalho nos filhos ou tendo crise nervosa? – nenhuma. Bem pelo contrário, o ambiente sempre foi de profundo carinho, tolerância e cumplicidade. Mães e filhos perfeitamente integrados e envolvidos na confecção dos bonecos.

Que diferença da nossa cultura… Sei lá qual o segredo dessa arte, mas certamente é algo muito relevante e sofisticado que temos a aprender com eles. Ainda temos muito que evoluir pra chegar lá. Já tinha visto coisa semelhante em outras culturas indígenas pelo Pará e entre as Cholas dos povos andinos, só que esta sabedoria permanece alheia à nossa cultura branca besta dita “civilizada”.  O que sei é que, no meio daquela movimentação toda, os bonecos foram sendo produzidos sem qualquer prejuízo e as crianças eram plenamente incorporadas às dinâmicas e ao nosso cotidiano de trabalho. O que, aliás, foi uma participação muito legal. Já os maridos, namorados e outros homens da aldeia geralmente permaneceram mais reticentes e a certa distância das atividades. Quanto às adolescentes, são adolescentes sem distinção em qualquer lugar ou cultura, ao que parece. Celulares, ebulição de hormônios e comportamentos erráticos incontroláveis de estouro de manada.

Para ser doado à comunidade, junto da bagagem da oficina, foi um palco desmontável e versátil para diversos tipos de apresentações. Inicialmente armado na sala das oficinas, ali começaram, entre muita excitação e alvoroço, os ensaios. Interessante como tudo foi se ajeitando e as histórias se encadeando naturalmente. Dicas, colas e direção. A turma toda ali oculta pelos alambrados por detrás dos panos. Bonecos surgindo e se revelando através das cortinas. Até o diretor da escola, o Juscelino, apareceu pra dar a sua contribuição.

No início da tarde de domingo, nosso último dia na aldeia, os oficineiros saíram em romaria rumo à cabana no largo da igreja para orgulhosamente mostrar à criançada, amigos e parentes o resultado do trabalho. O espetáculo começa e, da plateia, adultos e crianças se divertem com as histórias e as ilustres participações.

As caras são as mais variadas. Há risos, espanto, abestalhamento, admiração e muitas gargalhadas. Todas gratificantes e maravilhosas em sua espontaneidade. Os improvisos acabam sendo os mais cômicos e o teatro de bonecos é um sucesso. São feitos os agradecimentos, honrarias de costume com discursos, entrega de certificados e brindes.

Ficamos sabendo que nossos colegas que estavam desenvolvendo a oficina paralela na Aldeia vizinha de Pau Brasil também obtiveram resultado gratificante. Para saber mais do projeto realizado simultaneamente por eles, vale visitar o relato “Poranduba Tupiniquim” e conferir o belo trabalho de autoria da Fabiana, minha colega fotógrafa que os acompanhou.

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Andanças

Duro foi, então, arrumar as tralhas pra seguir o caminho de volta. Ao final destes dias fizemos amizades. E da familiaridade que se criou, a convivência foi se tornando cada vez mais interessante. Nos primeiros dias ainda estávamos meio órfãos e no tempo livre das manhãs (as oficinas ocorreram de 16 às 20h) nos lançávamos por caronas e caminhadas para a cidade vizinha de Coqueiral e a sua praia adjacente.

Pensando sobre algumas das possibilidades para os próximos projetos, imagino que talvez possa ser uma boa considerar que as alimentações da equipe sejam feitas e servidas na própria comunidade, ao invés de cozinharmos no local das oficinas. Combinando isto com algum restaurante, bar, pensão ou cozinheira de mão cheia da aldeia, teríamos mais oportunidades de nos entrosar com as pessoas e nos integrar por aqueles dias. Experimentar mais dos costumes e culinária típicos. Além de ser um ótimo estímulo à transferência de renda e ao desenvolvimento sustentável das estruturas de comércio e serviços na Aldeia, agregando ainda mais um valor econômico e social ao projeto. Da forma como foi, não é que tenha sido ruim, lá contratamos uma cozinheira local para comandar a base de provimentos da oficina e a arrumação, mas é que isso acaba limitando de certa maneira.

Depois foi a vez de descobrirmos o porto no Rio Piraquê-açú, que passa pela aldeia com suas águas salobras margeadas por manguezais. Não saímos mais de lá. Através das matas e brejos próximos a estes mangues, Seu Nício, pai da Adriana, nos levou para conhecer um pouco das plantas e colher a madeira macia e leve da Tagibibuia utilizada no artesanato da Casaca, instrumento parecido ao reco-reco, tradicional da região. Com ele fomos apresentados à madeira da Imbira ou Tabua, cujas fibras desfiadas dão origem a esteiras e tangas; às colmeias de abelha de polinização silvestre; a um cipó que armazena água e toda sorte de frutinhas e plantas “boas para o homem”.

Pra quem gosta do contato com a natureza e da pesca esportiva, esse rio possui grandes atrativos. Ele nasce e corre por entre uma reserva, tem as águas limpas, muitos peixes e mariscos. Inclusive criadouros de robalos e tilápias em tanques de cativeiro. Fiquei muito curioso a respeito de uma turma de pescaria esportiva com iscas artificiais, embarcada em caiaques individuais, vinda de Vitória. Encontramos com eles praticamente todos os dias ao reunirem seus equipamentos no final da manhã. Segundo eles, as luas de quarto minguante ou crescente são as melhores por terem as marés mais mansas. Com uma só remada é possível bater toda uma galhada com tranquilidade. Chegam com o raiar do dia e lá pelas 11h, missão cumprida e muitas fotos de robalos entre os 2 e 7 kg registradas, amarram seus caiaques especialmente projetados pra a pesca e voltam pras suas casas na capital capixaba. Pareceu divertido!

Na noite de sábado fomos convidados a participar de uma festa de Tambor de Congo que estava acontecendo na casa do Seu Olindo, pai da Olinda, em homenagem aos jovens da comunidade. Muita música e dança embaladas por cantigas, tambores e casacas. Lá experimentamos a Cuaba, tradicional bebida alcoólica artesanal feita de forma rústica a partir da mandioca triturada. Lembrou muito o Cauim de outras tribos e a Chicha feita de milho no Perú e Colômbia. O trago é servido quente num canecão com um pouco de açúcar e uma colher pra tiragostar os pedaços de aipim que vem ao fundo.

Seguidas uma gincana de perguntas sobre a cultura indígena nacional e regional e uma disputa de luta corporal tradicional – espécie de sumô ou luta Greco-romana Tupinikim – foi posta e oferecida aos presentes uma mesa de comidas. Nela havia canjica, banana cozida, aipim, batata-doce, milho e tilápias temperadas com sal para serem embrulhadas em folhas de bananeira e assadas na brasa. Nem preciso dizer a delícia disso tudo.

Malas prontas após a apresentação final do teatro de bonecos e nos chamaram para um repeteco do Tambor de Congo. De bom grado fomos conferir e qual não foi a nossa surpresa ao sabermos que aquela festa era pra nossa despedida, com direito, a bolo, torta e tudo mais! Aí a viagem de volta pareceu ainda mais longa…

Até que a van chegou com o pessoal da oficina da Aldeia de Pau Brasil e nos pusemos na estrada, já era noite. Finalmente reunidos, depois de uma semana sem comunicação, o clima de confraternização, troca e comparação das experiências entre os dois grupos de trabalho prevaleceu enquanto as baterias aguentaram. O trânsito infernal do final de feriado fez com que chegássemos exaustos a BH já no início da tarde do dia seguinte. Numa próxima, vale a pena considerar uma boa noite de sono e a partida com o raiar do dia. De volta ao escritório, resta reviver as memórias desses dias, separar as fotos e preparar o relato para o projeto.

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Sobre a aldeia de Caeiras Velha

A Aldeia de Caeiras Velha fica no município de Aracruz/ES, próxima a cidade de Coqueiral, rumo ao litoral norte, logo depois de Nova Almeida. É uma das maiores e mais antigas aldeias da região e conta com uma população de aproximadamente mil pessoas. Pra quem imagina logo um monte de ocas e desfile de tangas, nada disso. Vivem em casas de alvenaria ou taipa, num estilo de vida muito semelhante ao de qualquer pessoa em uma pequena cidade qualquer. Chama a atenção apenas os traços índios, já bastante diluídos, observáveis em maior ou menor intensidade por entre seus habitantes.  Lá tem índio branco, negro, louro, pardo… Numa frase curiosa que ouvi, qualquer um pode ser Tupinikim, não é como acontece com os Guaranis dali de perto, que ainda tem na sua maioria a pele escura avermelhada, o cabelo muito liso, negro e os olhos puxados. Isso se deve, provavelmente, ao intensivo e prolongado contato que os Tupinikins mantiveram com os colonizadores desde a chegada dos portugueses.

O nome da aldeia vem de antigas indústrias de cal, as “caeiras”, que operavam na região, tendo como matérias primas conchas de moluscos e os grandes depósitos dos sambaquis. Hoje as fábricas já não funcionam mais, ficando apenas a referência à velha cidade das “caeiras”.

A maior fonte de emprego está na indústria e no comércio das cidades dali do entorno. A Aracruz Celulose (atual Fibria), antiga inimiga na demarcação das terras, hoje é parceira. Assim como boa parte dos posseiros, que são reconhecidos pelos Tupinikins como vizinhos, amigos e pessoas como eles mesmos, na batalha pelo reconhecimento dos direitos de cada um após longo histórico de ocupação desordenada e emaranhados do Estado.

Na política e nas relações da região, nada é simples. Mocinhos, índios e bandidos estão muito distantes da banal polarização entre o bem e o mal, opressores e oprimidos. Quanto mais próximo da vida real e distante dos folhetins, mais os contrastes humanos compreendem interesses e pontos de vista multifacetados, permitindo gradações de cinza e matizes coloridas muito além do preto e do branco. Mais do que nós contra eles, eles contra nós, uns contra os outros, ou cada um por si, estão todos no mesmo barco em busca de acordos e entendimentos para um bem maior e comum, cada um defendendo a sua realidade contextualizada, desejos e preocupações.

Pra quem anda distraído por Caeiras Velhas, as ruas sugerem ares bucólicos e passeio vagaroso. Pelos quintais e caminhos há galinhas ciscando, crianças brincando e corteses moradores a ir e vir, trazendo de um tudo, em suas bicicletas. Os cães, de olhar desinteressado, estão por toda parte. Observadores e coadjuvantes viralatas do cotidiano.

Num momento de bobeira – típico da distração dos que acham canivetes pelas ruas – um ganso correu pra me pegar. Achei aquilo tão inusitado que fiquei frouxo de rir enquanto ele, severo, me bicava o dedão do pé e me unhava com seus pésdepato desengonçados. Interessei-me pela brincadeira de uns meninos com seus bonequinhos na areia da rua e logo outro que estava ao largo veio me dizer, vaidoso e seguro, que sabia capoeira. Ao que deu a entender que seria foco de atenção mais digno à fotografia que a ocupação dos primeiros. Insinuando que concordava com ele, pedi pra conferir. De uma hora pra outra a rua estava tomada de crianças dando estrelas, mortais e plantando bananeira. Brotavam capoeiristas mirins de todos os lados se dando às fotos orgulhosamente. Disseram que o mestre vem de outra cidade uma vez por semana pra ensiná-los. Tive também notícias de outros projetos acontecendo com certa regularidade na aldeia e ajudando a transformar a qualidade de vida e fomentando a identidade local. Ações, atores e atitudes que somadas contribuem para estabelecer fortes raízes para o desenvolvimento sustentável dos Tupinikins, mas essa já é uma conversa pra outras matérias…

Tupinikim, que quer dizer “povo vizinho”, ou “vizinho dos tupis”, e acabou apropriado na corruptela vulgar, pejorativamente em uma visão imperialista, como sinônimo de “brasileiro desconectado do mundo, atrasado”. É uma das etnias indígenas que tem grande história de contato com os colonizadores e que muito contribuíram para a formação da identidade nacional. Que muito sofreram em decorrência disso também.

Originalmente localizados entre o norte do Espírito Santo e a região de Camamú na Bahia, da cultura original destes povos pouco restou. Atualmente encontram-se num processo de regularização de suas reservas e reafirmação de seus valores. Certamente já não compete a imagem romantizada do “bom selvagem”, nem tão pouco o papel de “bugre aventureiro”. Esperar que vivam como seus antepassados antes da chegada da colônia é uma ingênua pretensão um tanto alienada e perigosa.  Também o é ignorar as suas características e direitos distintivos dentre a sociedade brasileira moderna.  Como integrar sem desintegrar? A grande questão da identidade para este povo, talvez seja para eles, o que significa ser Tupinikim no Brasil moderno, para então decidirem o papel e a forma pela qual se conhecem e serão reconhecidos.

Para saber mais:

Sobre a oficina simultânea na Aldeia de Pau Brasil
http://palavrasobrecoisas.blogspot.com.br/2012/09/poranduba-tupiniquim_14.html

Sobre os índios Tupinikins
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tupiniquins
http://pib.socioambiental.org/pt/povo/tupiniquim/print

Vídeos
Sobre a comunidade da Aldeia Tupinikim de Caeiras Velha:
http://www.youtube.com/watch?v=HxM6nNSidpQ

Sobre a Casa das Artesãs Tupinikim onde ocorreram as oficinas em Caeiras Velha:
http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=qmkJVMlWL58

Chamada sobre a inauguração da Casa Cultural dos Guarani- Aldeia 3 Palmeiras:
http://www.youtube.com/watch?v=KSpQWWfrjOk

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4 thoughts on “Aldeia Tupiniquim de Caeiras Velha – Projeto Poranduba ATEBEMG

  1. Oi Alê!
    Trabalho lindo! Gostei demais!
    Qual a melhor foto??? Brincadeira, heim!! Mas a da oficina Poranduba talvez linha 49 de cima p/ baixo, quarta foto da esquerda para direita: Você captou a profundidade do sorriso daquela mulher com o boneco, linda foto, entre outras…

    Grande abraço,
    Sucesso!!!

    Viviane Freitas

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    1. Obrigado pelo comentário, Vivi! Fico feliz que tenha gostado.
      A exibição das fotos na tela pode mudar conforme a área do monitor, então pela sua indicação, pode ser que na minha tela aqui o número de linhas e colunas seja diferente. Na área onde você disse, imagino que seja a foto 207. Pra ver o número da imagem no álbum é só clicar nela pra ampliar. No cabeçalho aparece mais ou menos assim: “Alessandro Filizzola>Oficina Poranduba>Foto 207 de 467”.
      Agora é a sua vez de me mostrar as suas! Estou curioso para vê-las.

      Abraço,

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