Fechados, Serra do Cipó / MG – Cachoeiras e trilhas

No feriado do dia 15 de agosto de 2012, fui com o Caminheiro BH e o Caminhada Mineira conhecer as trilhas e cachoeiras de Fechados, que fica na Serra do Cipó em MG, cerca de 170 km de BH. A caminhada do dia foi de uns 12km aproximadamente, com intensidade variando de leve a moderada.

Fechados é uma pequena comunidade incrustada no sopé da serra, a cerca de 180/200km de Belo Horizonte/MG. Toda fechada por montanhas, talvez seja daí a origem do seu nome. O lugarejo ainda é rústico e apresenta poucos confortos e estrutura para o turista. Só pra chegar lá são uns 50km de estrada de terra, quase que sem sinalização. Mas procurando entrar em contato com alguma antecedência, é possível conseguir hospedagem e refeição.

Fizemos a estrada passando por Sete Lagoas, mas também parece ter como ir por Lagoa Santa, e acabamos chegando ao nosso destino mais tarde do que o previsto inicialmente. Por este motivo a caminhada foi mais corrida e tivemos pouco tempo pra relaxar nas cachoeiras. Mesmo assim o dia foi ótimo e a turma da melhor qualidade.

Álbum de fotos Fechados, Serra do Cipó / MG

Clique para ver a localização no Google Mapas

Para maiores informações, tem a Dona Amélia (31) 7126-4241 ou o Marcelo do Caminhada Mineira <caminhadamineira@gmail.com>.

Nosso contato e guia foi o Valtinho. Ele é morador que vem de uma família tradicional de muitas gerações na região. As terras onde estão as cachoeiras e trilhas, inclusive, são da família dele e todos nos receberam muito bem.

A primeira esticada foi subindo a serra. Fomos direto pra casa do Valtinho onde nos esperavam pra um café com queijo fresco e limonada. Fazenda muito agradável e bucólica, onde os animais parecem não estar acostumados a ver muita gente. Não demonstram medo, mas sim curiosidade com o ser humano. Logo na cerca uma maritaca veio nos receber. De tão mansa, ela deixava chegar bem próximo. Fez pose pras fotos e depois ficou voando de um pouso a outro nos acompanhado de perto.

Atrás da sede da fazenda há um antigo moinho movido a roda d’água. Segundo nos disse o nosso anfitrião, foi o avô dele quem trouxe aquela engenhoca de longe, em lombo de burro, nos idos de 1942 e o instalou lá. Funciona até hoje e eles praticamente não dependem de energia elétrica, além de também produzirem quase tudo o que consomem. Movidas à água, aquelas engrenagens tocam o moinho de fubá e o ralador de mandioca pra fazer farinha. A prensa é toda de engrenagens de madeira e feita à mão, de um jeito que está ficando cada vez mais raro de se ver hoje em dia. Tecnologia ancestral que infelizmente está se perdendo. Incoerências desses tempos em que se fala cada vez mais de sustentabilidade e fontes de energia alternativas.

De lá fomos até a casa da mãe do Valtinho, a Dona Madalena, onde está a entrada para a Cachoeira do lajedo, que fica no quintal da casa dela. Nessa hora, até o sol que andava tímido resolveu dar o ar da graça. Essa cachoeira forma um lajedo intrincado com quedas escarpadas por entre um cânion cortado em talhos pela serra. Lembrou um pouco a Tabuleiro por cima.

Mas a tarde já ia chegando ao fim e seguimos o passo pra chegar à próxima cachoeira, a Horizonte, ainda com luz do dia. Pelo caminho descobrimos que cão que ladra, as vezes também morde; e que era muito otimismo achar que nessa época do ano não teria carrapato. Pra dizer a verdade, acho que atraímos todos os micuins daquela serra pra cima da gente.

Ao dar a volta por baixo, de longe na trilha já dava pra avistar as quedas d’água que vinham serpenteando pelo meio da montanha. Logo na chegada, uma imensa piscina de águas fundas e transparentes, tão ou mais geladas do que pareciam ser. Mas o gelo não impediu que alguns valentes as desfiassem. Também, depois de um dia de caminhada, nada melhor que um bom mergulho. Duro é sobreviver ao choque inicial da água, mas resistindo nela por alguns minutos o corpo vai se acostumando, a gangrena azulada cede lugar, e fica tudo bem. Depois é reunir toda a coragem de novo pra poder sair.

Chegamos pro almoço na vila já com o cair da noite lá no Bar do Zé da Deca. Mesmo com o apagão da CEMIG naquela noite, eles estavam nos esperando com a aquela comidinha caseira no jeito. Teve gente que não passou do balcão de entrada e logo uma sucessão de brindes teve início. E foi brinde atrás do outro. Logo a turma se ajeitou, uns foram almoçar enquanto outros providenciaram um desvio da carne cozida – que tava uma maravilha – pra prover o tira-gosto em lugar do almoço. Segundo dizem, tem gente ali que só se dispõe a fazer a caminhada pensando nessa confraternização do final…

.

32 thoughts on “Fechados, Serra do Cipó / MG – Cachoeiras e trilhas

    1. muito bacana o seu post, vou fazer essa caminhada em julho de 2015, voce teria o telefone do valtinho?

      Like

  1. Deve ter sido muito legal mesmo.
    Ontem estive na serra do Cipo e nadamos em uma cachoeira tambem gelada,mas deliciosa.
    Foi um passeio bem light mas, maravilhoso.

    Like

  2. Muito legal! estou programando pra este finde… mas não estou localizando direito… é melhor por sete lagoas ou lagoa santa?

    Like

  3. ola amigo, muito bacana seu post, viajei nas fotos, estou pensando em fazer essa caminhada, mas tenho algumas duvidas, poderia me ajudar a sana-la, qual a distancia de bh, quanto tempo de caminhada a pe e o telefone do valtinho. obrigado.

    Like

    1. Oi, Francisco! Obrigado pelos seus comentários. Fico feliz que tenha gostado desta matéria sobre Fechados. São cerca de 180/200km de BH e duas opções de caminho, uma passando por Sete Lagoas e a outra indo por Lagoa Santa. Não tenho o telefone do Valtino, mas, para maiores informações, tem a Dona Amélia (31) 7126-4241 ou o Marcelo do Caminhada Mineira . Bom passeio e, na volta, compartilhe aqui conosco postando como foi a sua viagem. Abraço

      Like

      1. Agora está acabando de ser construída uma pousada com chalés piscina salão churrasqueira sauna campo de
        futebol e uma linda paissagem e toda infraestrutura necessária

        Like

  4. Caraca! Amo esse tipo de passeios e cachoeiras,o que chamou atenção! Aquela casa simplesc com a senhora e uma crianças no quintal! Isso me facina . Parabéns por sua matéria. Já fui muito acampar em lapinha da serra. Por lá tem uma cachoeira que chama bi came, maravilhos! Agora tenho que conhecer fechados. Se souber de algum grupo ou comunidade que queira ir pra lá ,me avisa por e-mail.

    Like

    1. Oi, Letuza! Obrigado pelo comentário. Tenta entrar em contato com as pousadas de lá que eles devem saber te informar sobre os grupos que vão pra’quela região por agora. Aqui nos comentários anteriores você encontrará alguns dos contatos nas mensagens anteriores. Bom passeio!

      Like

  5. Muito bacana sua resenha , já estive em Fechados duas vezes só este ano de 2016, ficamos na Casa do Valtinho, conhecemos os doces e sabores do lugar, a riqueza simples das pessoas e a beleza exuberante das terras de Fechados, tudo em perfeita harmonia…ahhhh e cão que ladra morde, eu senti na pele rsrsrs , mas o estranho ali era eu e o cão estava para proteger sua gente e a fez com maestria, foi de fato uma mordidinha bem de leve apenas para mostrar que por ali tinha um guardião.

    Fechados é um lugar encantador e que espero visitar lá mais vezes.

    Like

  6. Oi, pessoal: Estive em Fechados na semana do carnaval, fiquei hospedada em uma pousada que está iniciando suas atividades, possuem apenas duas suites grandes, sem luxo, mas limpas e confortáveis. O melhor da pousada foi a hospitalidade dos donos (Luiz, Sônia e Lucas), que nos acompanharam no passeio às cachoeiras. Os contatos deles são 31-985666693 31-985666695 31-995243768. Neste carnaval foi inaugurada uma grande pousada, logo na entrada do arraial, que se chama Águas do Cipó, com suites e chalés, piscina, área de camping, pesque e pague, campo etc., ela tem toda a infraestrutura e conforto necessários, o telefone é 9 9586-6389. Triste notícia para quem conheceu o Sr. Geraldinho, que faleceu em meados de fevereiro. O arraial é desprovido de comércio, luxos e rede de telefonia, lá só pega sinal da Claro, mas é exuberante em natureza, verde, cachoeiras e paz.

    Like

Leave a comment